27 de julho de 2010

Compartilhado a mim por Regina Guimarães no MSN

"Porque eu tenho pesadelos que parecem tão reais até quando você me abraça. E eu acordo triste, e brigo de verdade e passo o dia grave e dolorida como quando a gente leva um tombo no piso liso...que é só o passado. É como se eu sentisse um ciúme horroroso do meu livro predileto comprado em sebo, a dedicatória apaixonada que não é a minha, os resquícios do manuseio de outras mãos. Alguém corrompeu o trecho que eu mais gostava quando grifou à caneta algo que não pude apagar com borracha e que era tão secretamente meu. Desenhou corações onde só havia minha dor e eu discordei da interpretação alheia.
E achei aquilo tudo de uma crueldade atroz. Mas permaneci com o livro no colo, cheia de um afeto confuso por ele: afeto pelo que era, angústia por já ter sido de outro alguém, e aquela sensação (imbecil) de falta de exclusividade. Eu que sempre achei que tudo é e está para o mundo.Perdoa o meu senso de autoimportância, já que não consigo perdoar o meu egoísmo. Eu sei que em alguns presentes, no embrulho, laços do passado são aproveitados. Eu só queria que eles não fossem tão vermelhos: desses que doem nos olhos e no coração."
                                                                                       Marla de Queiroz

2 comentários:

Rê (Pepper) Guimarães disse...

Nossa, Darlan. Que gentil.
Obrigada pela atenção.

Esse texto é maravilhoso, e como lhe disse, acho que tem tudo a ver com o conteúdo que vocês postam aqui.

Obrigada mesmo.

Beijos pra todos.

Darlã Fagundes disse...

tenho tido uns pesadelos assim...