9 de julho de 2013

Salário do Poeta

Estrofes de tristeza e de amargura
Relutam, mas não soltam o poeta.
Coitado, pois é alma que vegeta
Varrendo pastos magros, sem ternura.

Olhai por essa alma, que ela injeta
As cores de Monet na dor escura...
Olhai, divino mestre, como é dura
A flor que ora cheira e ora espeta.

Tende piedade dos que sentem
Mais do que os outros que, normais,
Tem o coração sereno, em paz.

Nós, poetas tristes, nada mais,
Vemos o amor só em postais,
E milhões de juras que nos mentem.


Carlos Witalo

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