14 de julho de 2010

Insatisfação de Maysa


Maysa, como era linda, louca, livre, inconseqüente e ao mesmo tempo frágil, infeliz e ultra-sensível. É difícil imaginar como alguém que viveu a mais de 50 anos atrás pode ser tão idêntica a mim.
A Diva tinha absolutamente tudo, sucesso, homens, dinheiro, tudo o que qualquer ser humano que respira desejaria ter, no entanto, o que ela mais queria não conseguira encontrar. Pergunto-me, o que Maysa tanto queria e/ou que lhe faltara? Será q é o mesmo que me falta? Será que ela também enxergava a vida como um emaranhado de incertezas e/ou algo sem sentido?
Recentemente entendi que o sentido da vida é simplesmente viver. Viver cada dia, paulatinamente, como se não existisse o porvir.
Conversando com meu primo vi que existem muitas Maysas, Marianas por aí e que a vida é simplesmente isso, não podemos esperar coisas mirabolantes, as coisas são mecanicistas, acordar, trabalhar, às vezes se divertir um pouco, eu disse às vezes, e dormir. Parece tão comum.
Gostaria tanto de ser uma pessoa comum, xucra, sem ambição e insensível, talvez se eu fosse uma pessoa que fica na porta de casa falando da vida alheia e achasse demais a nova novela das oito sofreria menos do que sofro hoje.
Passei um dia bastante comum e ruim, me senti mal o dia todo e estou aqui deitada na cama nesta noite gélida, ouvindo Legião Urbana dizendo “De tarde quero DESCANSAR... Sei que faço isso pra esquecer/ Eu deixo a onda me acertar/ E o vento vai levando tudo embora”. Ao ouvir essa música lembrei mais uma vez da inconfundível Maysa, para descansar e esquecer os problemas se afogava em litros de uísque e em uma vida de ilusão, para encarar a mediocridade da vida comum e celebrar a estupidez humana e, porque não dizer, a de si mesma.
A pergunta é, e eu que não sou Maysa, sou uma pessoa comum, que embora me sinta incomum na sociedade, que devo fazer para sobreviver nesse circo imposto pela sociedade que todos chamam de vida? Não posso beber litros de uísque e tão pouco dizer foda-se para tudo e/ou fazer com que tudo seja da forma que desejo. O que vou fazer? Até quando vou sofrer por isso, não agüento mais essa dor, essa aflição, essa incerteza e, porque não, revolta?
Quero gritar para o mundo como fez Maysa o quanto ele é pútrido e nojento. É impressionante como cada dia que passa sinto mais e mais vontade de morrer e sumir desse mundo horrível. Mas, o que será que me espera depois? Existe um porvir? Será que existe mesmo essa coisa de Deus e Demônio, ou talvez Reencarnação? Será que será pior?
Vou ficar louca, talvez mais louca do que a minha amada Maysa...

1 comentários:

Darlã Fagundes disse...

Seja bem vinda querida!
espero que sua presença aqui sempre nos traga mais de seu espírito inquietante!bjos!